Editorial
Abstract
A UNIMONTES CIENTÍFICA inaugura neste número um novo formato para a publicação
de artigos agrupados em forma de dossiês, modelo adotado também para os próximos
números. Nesse sentido o presente volume, o Dossiê organizado pela Professora Cláudia
Maia, contempla os temas: gênero, corpo e história das mulheres.
Os outros artigos publicados, contemplando várias áreas do conhecimento e temas
diversos, referendam a proposta da UNIMONTES CIENTÍFICA que é trazer para os
leitores a diversidade da produção acadêmica contribuindo na divulgação e nos debates
sérios empreendidos por professores e alunos comprometidos com a qualidade da
universidade que pretendemos consolidar.
Muito se tem escrito acerca da invisibilidade das mulheres na produção historiográfica
anterior à década de 1980. Não é objetivo desta apresentação nem haveria espaço para
tanto, arrolar as dificuldades encontradas pelos primeiros pesquisadores, tanto no que se
refere às fontes, quanto à resistência encontrada entre seus pares. Uma e outra promoveram
longos debates e a ruptura com os ideais de uma história de “homens” entendidos como
seres humanos destituídos das especificidades inerentes ao seu sexo.
Há um consenso de que o feminismo constituiu-se como impulso vital para esta produção
acadêmica, mas, atualmente a preocupação dos pesquisadores é fazer uma distinção entre
trabalhos históricos sobre as mulheres e trabalhos preocupados com a opressão passada e
presente das mulheres.
Gênero emergiu como categoria de análise como uma crítica ao determinismo biológico, e
para resolver questões metodológicas presentes nos estudos feministas ao focalizar o sexo
ou a mulher como categoria analítica. O conceito passou ser utilizado para teorizar a
problemática da diferença sexual rejeitando explicitamente as explicações biológicas.
O enfoque dos estudos que utilizam esta categoria é conforme Joan Scott, historiadora norteamericana,
o caráter fundamentalmente social e cultural das distinções baseadas no sexo, sublinhando o caráter relacional
entre mulheres e homens, pois a compreensão de um, não se dá sem o outro. A categoria gênero também é amplamente
usada para pensar a questão das diferenças dentro da diferença, pois, o termo “mulheres” não pode ser usado sem
modificação: fala-se em mulheres de cor, judias, lésbicas, trabalhadoras, pobres, mães
solteiras, etc., explicitando, assim, as preocupações dos pesquisadores em articular gênero,
classe e raça. A utilização desta categoria pressupõe ainda a sua historicização, pois,
conforme Scott, mulheres e homens reais não cumprem os termos e modelos de sua
sociedade ou das categorias de análise dos pesquisadores.
Este número da UNIMONTES CIENTÍFICA contempla alguns deles com abordagens
diferenciadas que certamente agradarão nossos leitores contribuindo sobremaneira para
divulgar pesquisas recentes e provocar os que ainda resistem ao tema “mulheres”.
Infelizmente o meio acadêmico, tanto quanto a sociedade de modo geral, ainda abriga
guetos preconceituosos, que empreendem juízos de valor que reforçam as ideologias de
dominação racial e política disfarçadas em uma falsa harmonia em que supostamente se
assentou a História do Brasil.
Mais uma vez agradecemos aos autores, colaboradores e profissionais que contribuíram
para a publicação deste volume.