“A MORTE PEDE CARONA”: Klebsiella pneumoniae COMO AGRAVANTE NA INFECÇÃO POR Strongyloides stercoralis
DOI:
10.46551/ruc.v24n1a7Keywords:
Klebsiella pneumoniae, Enterobacterales, Strongyloides stercoralis, Estrongiloidíase, CoinfecçãoAbstract
Introdução: Durante o ciclo evolutivo alguns helmintos realizam Ciclo de Loss, fenômeno que pode estar relacionado a um intrigante mecanismo de “carona” translocando bactérias intestinais para o pulmão. Neste contexto, há a associação entre Gram-negativa Klebsiella pneumoniae e o parasito nematódeo Strongyloides stercoralis, um evento mais comum que o documentado. K. pneumoniae está “intimamente” relacionada a elevadas taxas de sepse neonatal, infecção intestinal. Por outro lado, o geohelminto S. stercoralis causa a verminose com maior fator de risco para imunocomprometidos. Objetivo: Discutir a interação entre patógenos de domínios distintos, que quando presentes no mesmo hospedeiro agravam o desfecho clínico. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa baseada no modelo PRISMA, evidenciando aspectos como epidemiologia, fatores de virulência e resistência, bem como relatos de casos de co-infecção entre S. stercoralis e K. pneumoniae. Resultado: A análise dos dados sugere que a translocação intestinal bacteriana é agravante em casos de estrongiloidíase, relacionada a quadros graves de coinfecções. Estudos apontam K. pneumoniae como uma das principais bactérias intestinais realocada por S. stercoralis. Considerações finais: São escassas as fontes de inquérito da coinfecção por esses organismos, o que pode prejudicar a interpretação dos desfechos clínicos, do controle e vigilância, além de limitar abordagens terapêuticas mais eficientes.
Downloads
References
DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Vol. XI. Os Clássicos de Harvard. Nova Iorque: Editora PF Collier & Son, 2001.
PETROVA, Mariya I. et al. Lactobacillus species as biomarkers and agents that can promote various aspects of vaginal health. Frontiers in physiology, Bélgica, v. 6, n. 81, p. 1-18, 2015. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25859220/. Acesso em: 17 mar. 2022.
WAGNER, R. Doug.; JOHNSON, Shemedia J. Probiotic lactobacillus and estrogen effects on vaginal epithelial gene expression responses to Candida albicans. Journal of Biomedical Science, Taiwan, v. 19, n. 1, p. 1–8, 2012. Disponível em: https://jbiomedsci.biomedcentral.com/articles/10.1186/1423-0127-19-58. Acesso em: 17 mar. 2022.
PANIÁGUA, Aline Lorenzoni et al. Inhibitory effects of Lactobacillus casei Shirota against both Candida auris and Candida spp. isolates that cause vulvovaginal candidiasis and are resistant to antifungals. BMC complementary medicine and therapies, Brasília, v. 21, n. 1, p. 237-244, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34556109/. Acesso em: 17 mar. 2022.
DE ABREU, Joel Antônio Cordeiro et al. Probiotics – a sword or a shield in COVID-19 outcome?. Research, Society and Development, Brasília, v. 11, n. 4, p. e11011427165, 2022. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/27165. Acesso em: 2 abr. 2022.
SHAHBAZI, Roghayeh et al. Probiotics in Treatment of Viral Respiratory Infections and Neuroinflammatory Disorders. Molecules 2020, Ottawa, v. 25, n. 21, p. 4891, 2020b. Disponível em: https://www.mdpi.com/1420-3049/25/21/4891/htm. Acesso em: 17 mar. 2022.
DE ABREU, Joel Antônio Cordeiro.; SILVA, Fabiana Brandão Alves. A double-edged sword : bacterias & Covid-19. Brazilian Journal of Development, Brasília, v. 7, n. 5, p. 53750–53769, 2021. Disponível em: https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/30577%0Ahttps://doi.org/10.34117/bjdv7n5-670. Acesso em: 2 abr. 2022
BECK, James. M. ABCs of the lung microbiome. Annals of the American Thoracic Society, Colorado, v. 11, n. suppl. 1, p. 3–6, 2014. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3972977/. Acesso em: 17 mar. 2022.
MARSLAND, Benjamin. J.; GOLLWITZER, Eva S. Host–microorganism interactions in lung diseases. Nature Reviews Immunology 2014, Suíça, v. 14, n. 12, p. 827–835, 2014. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nri3769. Acesso em: 4 abr. 2022.
ROGERS, Geraint B. et al. Respiratory microbiota: addressing clinical questions, informing clinical practice. Thorax, Reino Unido, v. 70, n. 1, p. 74–81, 2015. Disponível em: https://thorax.bmj.com/content/70/1/74. Acesso em: 4 abr. 2022.
COSTA, André Nathan et al. The pulmonary microbiome: challenges of a new paradigm. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v. 44, n. 5, p. 424–432, 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/j/jbpneu/a/dqtvgmc6v8SbDRWxMP3xRYR/?lang=en. Acesso em: 2 abr. 2022.
CARRADA-BRAVO, Teodoro. Strongyloides stercoralis: Ciclo vital, cuadros clínicos, epidemiología, patología y terapéutica. Revista Mexicana de Patología Clínica y Medicina de Laboratorio, México, v. 55, n. 2, p. 88-110, 2008. Disponível em: https://www.medigraphic.com/pdfs/patol/pt-2008/pt082f.pdf. Acesso em 2 abr. 2022.
DE SOUZA, Gustavo Barbosa Fernandes et al. Infestação Maciça por Ascaris lumbricoides: Relato de caso. Biota Amazônia. Biota Amazônia, Amapá, v. 4, n. 4, p. 102-107, 2014. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/index.php/biota/article/download/1201/v4n4p102-107.pdf. Acesso em 2 abr. 2022.
WYRES, Kelly L. et al. Population genomics of Klebsiella pneumoniae. Nature Reviews Microbiology, Austrália, v. 18, n. 6, p. 344–359, 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1038/s41579-019-0315-1. Acesso em: 10 out. 2021.
TRABULSI, Rachid Luiz et al. Microbiologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2004.
YANG, Xuemei et al. Carbapenem Resistance-Encoding and Virulence-Encoding Conjugative Plasmids in Klebsiella pneumoniae. Trends in microbiology, Hong Kong, v. 29, n. 1, p. 65–83, 2021. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32448764/. Acesso em: 17 mar. 2022.
ROCHA, Hermano Alexandre Lima et al. Custo-efetividade de teste rápido de detecção de Klebsiella spp. para rastreio hospitalar. Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, Fortaleza, v. 11, n. 3, p. 213–220, 2019. Disponível em: http://www.jbes.com.br/images/v11n3/213.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.
HIRSCH, Elizabeth B.; TAM, Vincent H. Detection and treatment options for Klebsiella pneumoniae carbapenemases (KPCs): an emerging cause of multidrug-resistant infection. The Journal of antimicrobial chemotherapy, Houston, v. 65, n. 6, p. 1119–1125, 2010. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20378670/. Acesso em: 20 out. 2021.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Secretária de Estado de Saúde do Distrito Federal. Relatório de Gerência de Risco em Serviços da Saúde nº04/2020. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2020.
MÜHLHAUSER, Margareta.; RIVAS, Lina María. Strongyloides stercoralis. Revista chilena de infectología, Chile, v. 30, n. 5, p. 513–514, 2013. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-10182013000500008&lng=es&nrm=iso&tlng=es. Acesso em: 22 out. 2021.
NEVES, David Pereira et al. Parasitologia Humana.São Paulo: Editora Atheneu, 2015.
IRIEMENAM, Nnaemeka C. et al. Strongyloides stercoralis and the immune response. Parasitology International, Nigéria, v. 59, n. 1, p. 9–14, 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.parint.2009.10.009. Acesso em: 22 out. 2021.
CLEGG, Steven.; MURPHY Caitlin N. Epidemiology and virulence of Klebsiella pneumoniae. Urinary Tract Infections: Molecular Pathogenesis and Clinical Management, Iowa, v. 4, n. 1, p. 435–457, 2016. Disponível em: https://journals.asm.org/doi/10.1128/microbiolspec.UTI-0005-2012?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed. Acesso em: 04 out. 2021.
DA SILVA, Ketrin Cristina.; LINCOPAN, Nilton. Epidemiologia das betalactamases de espectro estendido no Brasil: impacto clínico e implicações para o agronegócio. Bras Patol Med Lab, São Paulo, v. 48, n. 2, p. 91–99, 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpml/a/3VZVbXgHCCnPY5KTPvjHvJc/?lang=pt. Acesso em: 15 out. 2021.
SCHÄR, Fabian et al. Strongyloides stercoralis: Global Distribution and Risk Factors. PLoS Neglected Tropical Diseases, Suíça, v. 7, n. 7, p. 1–17, 2013. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3708837/. Acesso em: 22 out. 2021.
DE SOUZA, Joelma N. et al. Strongyloides stercoralis in alcoholic patients: Implications of alcohol intake in the frequency of infection and parasite load. Pathogens, Salvador, v. 9, n. 6, p. 422-431, 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32481753/. Acesso em: 23 out. 2021.
ALLEN, William J.; PHAN, Gilles.; WAKSMAN, Gabriel. Pilus biogenesis at the outer membrane of Gram-negative bacterial pathogens. Current Opinion in Structural Biology, Londres, v. 22, n. 4, p. 500–506, 2012. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22402496/. Acesso em: 18 out. 2021.
FONSECA, Priscilla Duarte Marques. Análise proteômica dos estágios evolutivos de larva filarioide e fêmea parasita de Strongyloides venezuelensis. 2019. Tese (Doutorado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
MASOORI, Leila et al. Fatty acid and retinol-binding protein: A novel antigen for immunodiagnosis of human strongyloidiasis. Plos One, Taiwan, v. 14, n. 7, p. e0218895, 2019. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0218895. Acesso em: 21 jan. 2022.
VARGAS, Jaime Alberto López.; TORO, Lina María Echeverri. K. pneumoniae: ¿The new “superbacteria”? Pathogenicity, epidemiology and resistance mechanisms. Iatreia, Colômbia, v. 23, n. 2, p. 157–165, 2010. Disponível em: http://www.iatreia.udea.edu.co/index.php/iatreia/article/view/1337/1018. Acesso em: 17 out. 2021.
RIBEIRO, Steveen Rios. ALCOOLISMO E Strongyloides stercoralis : INVESTIGAÇÃO DE POSSÍVEIS FATORES ASSOCIADOS À MAIOR PREVALÊNCIA DO NEMATÓIDE EM ALCOOLISTAS CRÔNICOS. 2017. Tese (Doutorado em Doenças Infecciosas) - Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Espírito Santo, Espírito Santo, 2017.
LUÍS, Rey. Bases da Parasitologia Médica. 3a edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2009. E-book. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-2026-7/pageid/0. Acesso em: 22 out. 2021.
RODRIGUES, Jessica Peixoto. Avaliação in vitro da atividade antihelmíntica da toxina BnSP-6 contra Strongyloides venezuelensis e seu rastreamento utilizando CdSe / CdS Magic Sized Quantum Dots. 2017. Dissertação (Mestrado em Imunologia e Parasitologia Aplicadas) - Instituto De Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais, 2017.
HOSODA, Tomohiro et al. Septic meningitis and liver abscess due to hypermucoviscous Klebsiella pneumoniae Complicated with chronic strongyloidiasis in a human T-lymphotropic virus 1 carrier. Internal Medicine, Japão, v. 59, n. 1, p. 129–133, 2020. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6995716/. Acesso em: 22 out. 2021.
WANG, Wei-Li et al. Co-infection with Strongyloides stercoralis hyperinfection syndrome and Klebsiella in a nephrotic syndrome patient: A case report. Medicine, China, v. 98, n. 49, p e18247, 2019. Disponível em: /pmc/articles/PMC6919406/. Acesso em: 20 out. 2021.
GUEDES, Laura Vilar et al. Tripla infecção com HTLV-1, leishmaniose visceral e estrongiloidíase complicada por pancreatite aguda. GED gastroenterol. endosc. dig, Curitiba, v. 35, n. 3, p. 96–100, 2016. Disponível em: http://fi-admin.bvsalud.org/document/view/nnaya. Acesso em: 20 out. 2021.
MUÑOZ-EGEA, María del Carmen et al. Disminución del nivel de conciencia, fiebre y disnea en una paciente infectada con el virus de la inmunodeficiencia humana. Revista Argentina de Microbiología, Espanha, v. 46, n. 3, p. 271–272, 2014. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0325-75412014000400015. Acesso em: 22 out. 2021.