Qualidade físico-química de frutos de pinheira ensacados

Autores/as

  • Sílvia Nietsche Professora do Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Janaúba, UNIMONTES
  • Marlon Cristian Toledo Pereira Professor do Departamento de Ciências Agrárias, Campus de Janaúba, UNIMONTES
  • Nádia Nardelli Durães Estudante do curso de Agronomia da UNIMONTES.
  • Marcelo Vinícius Rocha Estudante do curso de Agronomia da UNIMONTES.
  • Fernando Almeida Santos Estudante do curso de Agronomia da UNIMONTES
  • Fabrício Silveira Santos Estudante do curso de Agronomia da UNIMONTES.
  • Claudinéia Ferreira Nunes Estudante do curso de Agronomia da UNIMONTES.
  • Lise Moraes Vieira Cunha Estudante do curso de Agronomia da UNIMONTES.

Resumen

A pinheira está sendo amplamente cultivada no Brasil, sendo os principais estados produtores: São Paulo, Bahia, Alagoas, Pernambuco, Ceará e Paraíba são os
principais produtores brasileiros (Araújo et al., 1999). O cultivo de modo tecnificado e em maior escala vem crescendo significantemente, em função do aumento na demanda pela polpa que é utilizada em consumo “in natura” e na fabricação de sucos, sorvetes, doces, geléias, licores (Araújo et al., 1999). No estado de Minas Gerais, nos últimos anos, o governo estadual e os municípios vêm incentivando a fruticultura como forma de viabilizar as pequenas propri-edades rurais. Pomares com diversas frutíferas têm sido instalados, tendo despertado o interesse dos agricultores, principalmente no cultivo da gravioleira
e da pinheira. Essas espécies têm se destacado especialmente no Norte de Minas Gerais, por se adaptarem muito bem às condições edafoclimáticas da
região, sendo hoje uma mesorregião de referência mercado de fruto in natura quanto para a indústria de polpas são: cor de fruto (verde escuro, verde amarelado, roxo); massa do fruto em kg (0,09 a 0,39); número de sementes 24 a 68/fruto; cor da polpa (branca a creme); percentagem de polpa (28 a 54) (Maria et al., 1986; Kavati e Piza Júnior, 1997; Manica, 1994). Outra característica importante é o teor de sólidos solúveis totais (SST), que nos frutos de anonáceas é elevado, constituindo-se principalmente de açúcares solúveis, sendo que, em pinha, o teor ultrapassa 20º Brix, podendo até alcançar 27o
Brix (Maia, 1986; Nietsche et al., 2002).

A utilização de invólucros vem sendo aplicada no controle cultural de pragas e na proteção contra injúrias mecânicas e por frio, mantendo a qualidade físicoquímica dos frutos, e diminuindo a utilização de defensivos agrícolas (Icuma, 2003).

Este estudo teve por objetivo avaliar o ensacamento na qualidade físico-química, dispondo-se de diferentes tipos de invólucros na proteção dos frutos em
diferentes estágios de crescimento.

O experimento foi instalado em um pomar comercial de pinha na Fazenda Santa Paula, situada no Perímetro Irrigado do Gorutuba, na cidade de Nova Porteirinha - MG, no período de junho a novembro de 2002. Foram utilizadas 16 plantas de pinha provenientes de um pomar comercial de 8,5 hectares. O sistema de irrigação utilizado foi o de microaspersão. Os tratos sanitários e as adubações foram realizadas conforme recomendações de Araújo et al (1999). As plantas selecionadas foram devidamente identificadas e a polinização artificial foi efetuada no dia 18 de junho de 2002. Foram identificadas flores no estádio feminino e masculino, com auxílio de pincel número 2, o pólen foi retirado da flor no estádio masculino e depositado sobre o estigma da flor no estádio feminino. O delineamento utilizado foi blocos ao acaso, constituindo de quatro blocos com 3 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos utilizados foram constituídos de dois tipos de ensacamento (saco plástico e filó) e da testemunha sem nenhum tipo de proteção. Os sacos plásticos, de tamanho na produção de pinha e graviola dentro do Estado de Minas Gerais.

Algumas das principais características físico-químicas do fruto da pinheira, consideradas tanto para o 29x20cm, foram perfurados com ajuda de pregos de
número 20, depois do primeiro terço superior até sua extremidade inferior. A intensidade de furos foi definida após vários testes com o saco plástico no
fruto, de modo que não houvesse acúmulo de água no interior do mesmo. O segundo tipo de ensacamento constitui-se de filó (36x24cm) e armação de garrafas plásticas. A armação foi planejada com o objetivo de impedir o contato entre o fruto e o filó. Tal armação foi confeccionada por meio das partes superiores (15 cm), de duas garrafas plásticas pet, unidas lateralmente por meio de grampos obtendo um diâmetro inferior de aproximadamente 20 cm.
Os sacos plásticos e a armação de filó foram presos aos ramos acima dos frutos por meio de elástico, para evitar o estrangulamento dos mesmos. Foram
usados como indicativo do ponto de colheita as características de mudança na coloração da casca (verde escura para verde clara), quebra das espículas com
facilidade e polpa relativamente mole ao ser o fruto levemente pressionado com os dedos. Observou-se, também, coloração amarelada entre os gomos dos
frutos. Uma vez colhidos, os frutos foram levados ao laboratório de Fisiologia da Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES e realizadas as
seguintes avaliações: massa, altura e diâmetro do fruto, massa e resistência da polpa, massa de casca, número de sementes e sólidos solúveis totais. Os
dados obtidos foram submetidos à análise estatística, utilizando o programa SISVAR (Departamento de Estatística da UFLA-MG).

Por meio de análise de variância, observou-se que a característica de massa dos frutos apresentou diferenças significativas, a 5% de probabilidade, nos diferentes tipos de ensacamentos (Tabela 1). A maior massa dos frutos foi obtida na testemunha, seguida do ensacamento com filó e plástico com médias de
311,2g, 266,6g e 144,2g, respectivamente.

Com relação aos dois tipos de invólucros, também foram observadas diferenças significativas para as características de diâmetro, comprimento de fruto
e massa da casca e de semente (Tabela 1).

Médias referentes às características massa, diâmetro (Diam.) e co mprimento do fruto
(Compr.), resistência da polpa (R.P) e massa de polpa (M.P), massa de casca (M.C), número de sementes (No
sem.) e massa de sementes (M.S) e sólidos solúveis totais (SST), obtidas a partir de três tipos de ensacamento
(plástico e filó e testemunha), na cidade de Nova Porteirinha-MG.
Massa Diâm. Compr. R. P. (Kg/N) M. P. M. C. Nº M. S. S.S.
(g) (cm) (cm) (g) (g) Seme. (g) (o Brix)
Plástico 144.2 a 6.41 a 6.07 a 2.57 a 102.9 a 122.4 a 61.97 a 19.47 a 18.32 a
Filó 266.6 b 7.91 b 7.67 b 2.84 a 112.1 a 138.0 a 65.68 a 23.60 a 17.79 a
Testemunha 311.2 c 8.58 c 8.23 c 2.92 a 131.9 a 173.9 b 66.29 a 25.82 a 21.58 a
Tipo de
Ensacamento
Tratamentos com a mesma letra não diferem entre si pelo teste Scott e Knott (1974), P <0,05.

Embora os resultados tenham demonstrado que os frutos sem proteção apresentaram os melhores resultados, a utilização do ensacamento do fruto da
pinheira com invólucros feitos de tecido podem auxiliar no controle de injúrias mecânicas, por frio, bem
como na proteção contra pragas. Observações efetuadas por Nietsche et al. (2003), demonstraram o efeito do “chilling” e da injúria mecânica em frutos de pinheira sem proteção, indicando que, em regiões nas quais predominam ventos fortes e temperaturas abaixo de 12oC, a utilização de invólucros pode ser uma alternativa eficaz na proteção dos frutos.

Para as características resistência e peso de polpa, número de sementes e SS, não houve diferença significativa.

De acordo com Lichtemberg et al. (1998), o ensacamento de cachos de bananeira é uma prática recomendada em plantios comerciais, pois evitam os danos nos frutos por injúrias mecânicas, pelo frio e protegem contra o ataque de pragas e doenças. Portanto, a prática de ensacamento para a melhoria da qualidade físico-química, bem como visando o controle de brocas em frutos de pinheira é um meio prático e eficaz, porém, torna-se necessário estudos mais detalhados par a região Norte Mineira.

Com base nos resultados apresentados, ao compararmos a qualidade físico-química dos frutos ensacados com a armação de filó, plástico e sem invólucro, os frutos sem proteção apresentaram me lhores médias em relação aos demais tratamentos, mas foram detectadas maiores perdas devido à mumificação dos frutos.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ARAÚJO, J. F.; ARAÚJO, J. F.; ALVES, A. A. C. Instruções
técnicas para o cultivo da pinha (Annona squamosa L.).
Salvador: EBDA, 1999. 44 p. (EBDA. Circular Técnica,
7).
ICUMA, I.M. Pragas das anonáceas. Frutas Anonáceas:
ata ou pinha, atemólia, cherimólia e graviola. Tecnologia
de produção, pós-colheita e mercado. I. Manica, Ivo. II.
Icuma, I. M. III. Junqueira, K. P. -editado por Ivo
Manica. – Porto Alegre: Cinco Continentes, 2003.
KAVATI, R.; PIZA JÚNIOR, C.T. Formação e manejo
do pomar de fruta-do-conde, atemóia e cherimóia.
In: SÃO JOSÉ, A.R.; SOUZA, I.V.B.; MORAIS, O.M.;
REBOUÇAS, T.N.H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha, graviola, atemóia e cherimóia). Vitória
da Conquista: UESB-DFZ, 1997, p.75-83.
LICHTEMBERG, L. A.; HINZ, R. H., MALBURG, J. L.,
SCHIMTT, A. T., LICTEMBERG, S.H., STUKER, H. Efeito
do ensacamento do cacho sobre o componente da
produção e da qualidade da banana: In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 15., Poços de Caldas, MG, 1998. Resumos... SBF, Poços de Caldas, 1998.
MAIA, G., A., MESQUITA FILHO, J. A., BARROSO, M.
A., FIGUEIREDO, R. W. Características físicas e químicas da ata. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
v.21, n.10, p.1073-1076, 1986.
MANICA, I. Fruticultura: cultivo das anonáceas - ata,
cherimólia e graviola. Porto Alegre: EVANGRAF, 1994.
117p.
NIETSCHE, S.; PEREIRA, M.C.T.; SANTOS, F.S.; XAVIER,
A.P.; CUNHA, L.M.V.; NUNES, C.F.; RODRIGUES,
T.T.M.S. Efeito de Horários de Polinização Artificial
no Pegamento e Qualidade de Frutos de Pinha
(Annona squamosa L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO
DE FRUTICULTURA, 17. Belém, 2002. Anais... Belém:
CBF, 2002, cd rom.
NIETSCHE, S; PEREIRA, M.C.T; MIZOBUTSI, E.H.;
XAVIER, A. A.; BRAZ, L.C. Injúria por frio: um alerta
aos produtores de pinha do Norte de Minas Gerais. Montes Claros: Unimontes. Boletim Técnico, 1, 2003. 21p.

Publicado

2020-05-18

Cómo citar

NIETSCHE, S. .; TOLEDO PEREIRA, M. C. .; NARDELLI DURÃES, N. .; ROCHA, M. V. .; ALMEIDA SANTOS, F. .; SILVEIRA SANTOS, F. .; FERREIRA NUNES, C. .; MORAES VIEIRA CUNHA, L. . Qualidade físico-química de frutos de pinheira ensacados. Revista Unimontes Científica, [S. l.], v. 6, n. 2, p. 141–144, 2020. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/2481. Acesso em: 22 nov. 2024.

Número

Sección

Nota Científica

Artículos más leídos del mismo autor/a