Insetos, ácaros e aranhas associados à soja hortaliça, em quatro espaçamentos entre plantas, em Montes Claros–MG

Autores

  • Germano Leão Demolin Leite Professor Setor de Fitotecnia do Núcleo de Ciências Agrárias (NCA)/Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Chrystian Iezid Maia e Almeida Acadêmicos de Engenharia Agronômica do NCA/UFMG
  • Silma Leite Rocha Acadêmica de Engenharia Agronômica do NCA/UFMG
  • Candido Alves da Costa Professor Setor de Fitotecnia do Núcleo de Ciências Agrárias (NCA)/Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
  • Ronnie Von dos Santos Veloso Acadêmico de Engenharia Agronômica do NCA/UFMG

Resumo

A soja Glycine max, apesar de apresentar utilidades medicinais e nutricionais, é pouco
utilizada para consumo verde como hortaliça de mesa no Brasil. Buscando inserir essa
nova fonte protéica na dieta do brasileiro, a Embrapa Hortaliças selecionou linhagens de
soja hortaliça com boa palatabilidade e potencial de aceitação no mercado. Dentre as
linhagens avaliadas, a BRM 94 -52273 apresentou bom potencial para cultivo em BrasíliaDF (Mendonça et al., 2002). Não há trabalhos relatando insetos e ácaros atacando a soja
hortaliça, bem como o efeito do adensamento de plantio sobre estes, ou sobre seus
inimigos naturais, tais como aranhas, sendo importante este conhecimento para viabilizar a
implantação do sistema de Manejo Integrado de Pragas (Dent, 1995). Portanto, esse
trabalho objetivou estudar o efeito de quatro espaçamentos entre plantas de soja hortaliça
linhagem BRM 94 -52273 sobre insetos, ácaros e aranhas, em cultivo irrigado no Norte de
Minas Gerais.
O experimento foi conduzido na horta do Núcleo de Ciências Agrárias da UFMG, em
Montes Claros–MG, no período de dezembro de 2001 a março de 2002. O delineamento
experimental utilizado foi de blocos casualizados, com seis repetições e quatro
tratamentos: 05, 08, 10 e 12 cm de espaçamento entre plantas de soja hortaliça linhagem

BRM 94 -52273, sendo de 50 cm a distância entre as linhas de cultivo. As parcelas foram
constituídas por seis linhas de 4,0m de comprimento, sendo uma linha externa de cada lado
considerada como bordadura lateral e 0,5 m como bordadura nas extremidades de cada
linha.
Avaliou-se, semanalmente, o número de insetos e de aranhas presentes na primeira folha
expandida do ápice de 10 plantas/parcela, bem como o número de ácaros presentes em
cinco campos focais, por meio de lupa binocular (40 X), na face abaxial de um folíolo
apical do terço médio de três plantas/parcela. Ao fim do cultivo, avaliou-se a produtividade
de vagens verdes por planta. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste
de média de Scott Knott a 5% de significância.
Foram observadas as seguintes espécies de insetos e aranhas/folha e de ácaros/cm2
associados à soja hortaliça durante o período experimental: Cerotoma arcuatus (0,05±0,00)
e Diabrotica speciosa (0,01±0,00) (Coleoptera: Chrysomelidae); minas de Liriomyza sp.
(0,04±0,01) (Diptera: Agromyzidae); o complexo de percevejos Nezara viridula,
Piezodorus guildinii, Edessa meditabunda, Euschistus heros e Dichelos furcatus
(Hemiptera: Pentatomidae) e Neomegalotomus parvus (Hemiptera: Alydidae)
(0,001±0,000); Aphis gossypii (Hemiptera: Aphididae) (0,03±0,01); Bemisia tabaci biótipo
B (Hemiptera: Aleyrodidae) (0,39±0,03) e Polyphagotarsonemus latus (Acari:
Tarsonemidae) (0,05±0,00). Essas espécies são relatadas na literatura como pragas da soja
granífera (Mcauslane, 1996; Underwood & Rausher, 2000; Gallo et al., 2002; Haile &
Higley, 2003; Van Den Boom et al., 2003). Já em relação a inimigos naturais, foram
detectados apenas aranhas (0,01±0,00), sendo que estas não afetaram significativamente as
populações das pragas. Observou-se um incremento populacional de vaquinhas, de pulgões
e de moscas-branca com o desenvolvimento da cultura (Tabela 1), como observado com
mosca-branca em cucurbitáceas, berinjela e pimentão (Simmons, 1999).
Não se detectou efeito significativo do espaçamento entre plantas nas densidades
populacionais de coleópteros, de percevejos e de dípteros, talvez devido as suas baixas
densidades populacionais. Sankula et al. (2001) também não observaram efeito de
espaçamento entre plantas de Phaseolus lunatus sobre as principais pragas. Contudo,
observou-se neste presente trabalho maior densidade populacional de B. tabaci nos
tratamentos com cinco, oito e dez cm entre plantas (Tabela 2). Para P. latus, a maior
densidade foi observada no tratamento com 12 cm de espaçamento entre plantas (Tabela

2). Esses fatos são, provavelmente, devido ao microclima formado no dossel das plantas
(Picanço et al., 1998). A maior densidade de plantas pode ter elevado a umidade relativa e
reduzido a temperatura, bem como as suas amplitudes (Larcher, 2000), favorecendo o
desenvolvimento ninfal de mosca branca nas condições quentes e secas do norte de Minas
Gerais, já que extremos de umidade relativa e de temperatura as desfavorecem (Hirano et
al., 1993). Já quanto ao P. latus, LI et al. (1985) observaram que a alta temperatura
possibilita uma maior velocidade à colonização da planta. Atenção devida deve ser dada à
mosca-branca em soja hortaliça, pois ela atingiu populações relativamente altas para o
primeiro cultivo na área e, como o ciclo desta leguminosa é longo, pode ocorrer formação
de fumagina (Gallo et al., 2002), reduzindo a produtividade e a qualidade das vagens.
A produção de kg de vagens verdes/planta foi maior nos tratamentos com 12 e 10 cm entre
plantas do que nos tratamentos 8 e 5 cm (Tabela 2), sendo que não se detectou efeito
significativo na produção em toneladas/ha (14,3 ± 0,9).
Com base nos resultados, o tratamento com maior espaçamento entre plantas (12 cm)
promoveu, apesar da ocorrência do P. latus, a menor incidência de B. tabaci biótipo B
concomitantemente com a maior produção de vagens verdes/planta e, por isso, sendo o
indicado para a região de norte de Minas Gerais.

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Referências

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Publicado

2020-05-27

Como Citar

LEÃO DEMOLIN LEITE, G. .; MAIA E ALMEIDA, C. I. .; LEITE ROCHA, S.; ALVES DA COSTA, C. .; DOS SANTOS VELOSO, R. V. . Insetos, ácaros e aranhas associados à soja hortaliça, em quatro espaçamentos entre plantas, em Montes Claros–MG . Revista Unimontes Científica, [S. l.], v. 5, n. 1, 2020. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/2646. Acesso em: 24 nov. 2024.

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