A Estrutura Fundiária como Documento Da/Na Cidade: A cobrança Do Imposto Territorial Urbano em Carangola/MG

Autores

DOI:

10.46551/rvg2675239520242417440

Palavras-chave:

Estrutura fundiária urbana, Imposto Territorial e Predial Urbano, Primeira República, Urbanização, Carangola

Resumo

A estrutura fundiária brasileira demonstra que a concentração de terras constitui a formação territorial e urbanização brasileiros. Assim, assumimos uma perspectiva teórica que entende a própria estrutura fundiária como documento que evidencia a natureza sócio-histórica dos ditos processos. Objetivamos discutir essa estrutura a partir da apropriação privada da terra e da produção de cidades no contexto das primeiras décadas dos novecentos, investigando particularmente a cidade de Carangola/MG. Esse recorte temporal envolve as intensas transformações urbanas resultantes da produção e comercialização do café que alterou potencialmente a dinâmica imobiliária ali conformada. Para a análise, elegemos informações como a quantidade de imóveis urbanos sobre os quais incidia o imposto territorial e predial, bem como proprietários, valores e dívidas atrelados a esses bens. Compilamos dados dos livros de notas e jornais disponíveis no Museu municipal de Carangola. Os resultados ajudam na compreensão do processo de urbanização em Carangola e na Zona da Mata mineira; e, encorpam uma leitura que entende a estrutura fundiária como um registro material e um documento que se apresenta na paisagem hodierna do despojo que constituiu (e ainda constitui) a propriedade fundiária nas cidades brasileiras.

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Biografia do Autor

Wilma Guedes de Lucena, Universidade do Estado de Minas Gerais

Graduada em Licenciatura Plena em Geografia pelas Faculdades Integradas de Patos - FIP/PB; mestre e doutora pela Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Professora da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG. 

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Publicado

2024-09-21

Como Citar

Lucena, W. G. de. (2024). A Estrutura Fundiária como Documento Da/Na Cidade: A cobrança Do Imposto Territorial Urbano em Carangola/MG. Revista Verde Grande: Geografia E Interdisciplinaridade, 6(02), 417–440. https://doi.org/10.46551/rvg2675239520242417440