Territórios da reforma agrária no Pantanal brasileiro: o caso dos assentamentos rurais do município de Cáceres – MT
DOI:
10.46551/rvg2675239520241566584Palavras-chave:
Assentamentos rurais, Pantanal, Agropecuária, Sustentabilidade SocioambientalResumo
Os assentamentos rurais no território pantaneiro representam uma forma de recriação da agricultura familiar camponesa; entretanto, faz-se necessário refletir sobre as formas de manejo do ambiente para garantir a sustentabilidade social, econômica e ambiental. Assim, este artigo tem como objetivo caracterizar e analisar forma de manejo do ambiente pela atividade da agropecuária em 1.331 lotes de 15 assentamentos rurais localizados no município de Cáceres, Pantanal norte-mato-grossense. Os aportes metodológicos estiveram centrados no levantamento das produções bibliográficas e no agrupamento e análise das informações do banco de dados do Projeto Radis/UFMT. Selecionou-se como categorias: produção de origem animal e vegetal nos quintais; relação dos assentados com o ambiente, pelas técnicas de manejo da agropecuária. Para a tabulação e quantificação, utilizou-se a estatística descritiva, buscando fazer inferências e agregar informações. Os resultados apontaram os quintais com alta diversidade produtiva contribuindo para a segurança alimentar das famílias. Registraram-se também técnicas convencionais de manejo da natureza, as quais podem resultar em impactos negativos no meio ambiente, entre elas elevado uso de insumos químicos e agrotóxicos. Apesar do arcabouço legislativo para a implantação da agropecuária sustentável, na prática não ocorrem incentivos públicos para um modelo mais conservacionista de manejo da natureza nos assentamentos rurais.
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